domingo, 17 de abril de 2011


Primeira publicação: 1792

Título original: Marília de Dirceo


     Dirceu é o pseudomino do autor, Tomaz Antonio Gonzaga. Marilia é o pseudomino de sua noiva,  Maria Dorotéa Joaquina de Seixas.
     O livro é a coletanea de poemas que Gonzaga escreveu a amada, incluindo aqueles que foram escritos durante sua prisão (o autor participou do movimento inconfidente). Do estilo arcade podemos perceber algumas caracteristicas, como o bucolismo. Bucolismo é a exaltação da vida pastora, como é mostrado no trecho:








Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.






Temos abaixo um exemplo dos poemas do carcere:





Soubesses Marília,
às quantas anda o teu amado,
não suspirarias;
Metido em
conspirações,
Camarilhas veladas em porões
escusos.
Foge, ele, aos preceitos da lei…
Ah, Marília, soubesses o que eu sei
….

Talvez corresse solto o pranto seu,
tão eminente, é, o cárcere para o seu amado
Dirceu…
Marilia, ele é
inconfidente!
Anda em companhia de um tal alferes de’l rei.
O
tiradentes.

      O livro tem muitos outros poemas, de extrema beleza e linguagem bem simples, fácil mesmo de entender. É cobrado em grandes vestibulares e é tão importante que a cidade de Marilia, no interior do estado de São Paulo, recebeu seu nome em homenagem ao livro.

1 comentários:

  1. Amei Gabi!! Eu não sou muito fã de poemas... Mas essa lírica amorosa eu aprecio. É muito interessante o estilo de Gonzaga, que em seus poemas já evidencia algumas características pré-românticas, com seus sentimentos de injustiça, solidão e até mesmo perspectivas de morte, que rompem com o equilíbrio clássico. Adorei seu Blog... Parabéns!

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